O Museu de Carangola foi reaberto no dia 23 de junho após passar 07
anos fechado. Esse espaço fundamental da cultura carangolense representa,
juntamente com o Arquivo Municipal, um dos maiores patrimônios da cidade. A solenidade
de reabertura contou com as presenças do Prefeito Silas Vieira, do
Vice-Prefeito Roberto Alves, do Secretário de Cultura, Turismo e Patrimônio
Histórico, Randolpho Radsack, e de professores da UEMG, dentre outras
autoridades e representantes da comunidade.
“O resgate de nosso museu tem um significado especial. Ele faz parte
de uma série de conquistas que estamos podendo proporcionar ao povo de
Carangola. Temos a certeza de que estamos fazendo história e construindo um
novo tempo em nossa cidade. Cada obra, cada conquista nos enche de orgulho e
nos faz crer que estamos no caminho certo”, disse o Prefeito Silas Vieira.
“Vivemos um momento de resgate da história, da memória e da cultura
de Carangola. Nosso próximo passo será lutar para a construção de uma nova sede
permanente para o nosso museu”, disse o Secretário de Cultura, Randolpho Radsack.
“Estamos numa fase de recuperação da nossa história. O Museu foi
reaberto com uma amostra de parte do acervo recuperado”, disse o Diretor do
Museu, Eduardo Pimentel.
O Museu de Carangola é dividido por setores. No setor de História
Regional estão objetos diversos sobre a vida cotidiana, mundo do trabalho,
objetos de personalidades da cidade, obras de arte, ferramentas, armas,
vestuário, mobiliário, arte sacra, dentre outros. No setor de biodiversidade, o
museu conta com coleções de mineralogia, rochas, fósseis, coleções de animais
da região taxidermizados, aves, peixes do Rio Carangola, amostras botânicas
dentre outras coleções.
Já o setor de arqueologia é formado pelo acervo dos sítios
arqueológicos de Toca dos Puris (Distrito de Ponte Alta) e artefatos do Sítio
Arqueológico Córrego do Maranhão (Distrito de Alvorada), alguns datados de
1.700 anos. E o setor de Arquivo Histórico conta com documentos de toda a
região que no passado pertenciam ao município de Carangola, alguns documentos
datados da metade do século XIX.
A equipe do museu é formada pelos funcionários Fabyola Belan, Júlio
César, Júlio Henrique e Gustavo da Silva Vieira.
A UEMG Carangola tem sido uma parceira de grande importância para o
Museu. Além de voluntários, outros seis estudantes de graduação de diferentes
cursos estão lá atuando como estagiários, auxiliando nos trabalhos internos e também
recepcionando o público durante as visitações: Caroline de Paula (História);
João Pedro da Silva (Geografia); João Pedro Costa (Sistema de Informação);
Juliana Braga (História); Ruan Nunes (Ciências Biológicas); e Raynara de
Carvalho (História).
O Museu está aberto à visitação no horário de 8h às 11h e de 13h às
17h. Ele está situado na Rua Olímpio Machado, nº 141 (em frente à Policlínica).
O agendamento para grupos e escolas deverá ser feito pelo telefone (32)
3741-7884.
Memória
O tradicional Museu de Carangola foi criado no ano de 1959. Durante
o mandato do ex-Prefeito Dr. Fernando Costa (2005-2010), ele foi instalado em
prédio pertencente à empresa Barbosa & Marques, na Rua Antônio Marques, por
meio da assinatura de um contrato de comodato com duração de 20 anos. Em
contrapartida, caberia ao Município arcar com os custos da reforma para
adaptação e a conservação permanente do prédio até 2024. Vale registrar o
empenho e a dedicação da então Secretária Municipal de Cultura, D. Amelinha
Freitas, para a assinatura desse contrato.
Nos primeiros anos de atividade, o novo local trouxe encantamento ao
público visitante, que se orgulhou de ver tanto material de valor histórico e
sentimental devidamente reunido e exposto com a imponência que merecia. Alunos
de escolas da região, universitários e pesquisadores conferiam constantemente a
riqueza de todo o acervo do Museu e Arquivo de Carangola.
Entretanto, após fortes chuvas que danificaram o telhado e a parte elétrica do prédio, o Museu foi fechado à visitação. Laudos periciais do Corpo de Bombeiros apontaram a necessidade de uma série de reformas estruturais para que pudesse receber visitantes novamente.
Devido ao custo elevado da obra, os governantes entenderam que não seria racional e viável a Prefeitura realizar um investimento tão alto para reformar um imóvel particular, cujo comodato se encerraria logo em 2024, ainda que houvesse possibilidade de renovação. Portanto, desde 2015 o Museu permaneceu interditado.
Nesse ínterim, a empresa Barbosa & Marques intensificou a venda de seus imóveis situados na Avenida Antônio Marques. Mesmo com o comodato ainda em vigor o imóvel onde estava o Museu foi anunciado para a venda.
Em janeiro de 2020, a devastadora enchente atingiu o prédio do Museu e do Arquivo Municipal. O acervo foi inundado, sofreu danos e muita lama invadiu o prédio. Após as águas baixarem, o cenário era devastador e desolador, e a impressão era de que havíamos perdido tudo. Mas isso, felizmente, não foi verdade. O Museu e o Arquivo Histórico de Carangola não acabaram.
Imediatamente, a Prefeitura de Carangola alugou em caráter emergencial um espaço provisório, um prédio situado na Rua Coronel Olímpio Machado, nº 141, em frente ao SUS, para começar ali, com a ajuda de voluntários, o trabalho impressionante de recuperação da nossa história. Esse prédio é enorme, possui espaços abundantes e as peças começaram a ser transferidas para lá, poucos dias após a enchente. Equipes técnicas do IEPHA, IBRAM e Secretaria Estadual de Cultura estiveram em Carangola para orientar o trabalho de recuperação, com altíssimo grau de profissionalismo e riqueza de detalhes. Assim, a história se preparou para superar esse triste episódio.
Na época, a Secretaria Municipal de Cultura pode contar com o minucioso trabalho da historiadora Luciana Helena da Silva, que possui capacitação em arquivologia e conservação de bens museológicos. E assim foi dado o início da recuperação: separar, lavar, retirar a lama, secar, guardar e colocar novamente o acervo em boas condições.
Para a limpeza dos jornais e documentos foram feitos banhos com água e álcool 70%, secando com entretela, papel toalha em varal e secador de cabelo no morno, para depois serem congelados. Os processos criminais e cíveis foram colocados em processo de congelamento. Os móveis foram higienizados com produtos próprios para madeira e cera incolor em pasta. Os bens em tecido foram limpos a seco e higienizados e embalados com TNT. As peças em ferro foram guardadas em caixotes de madeira. Os documentos secos foram higienizados com trincha e preparados em malotes com sisal. E os animais foram conservados com formol e recuperados pelos alunos do curso de Ciências Biológicas da UEMG Carangola.
O ano inteiro de 2020 foi de muito trabalho, um trabalho admirável, lento, paciente, hiper-detalhado e que exigiu dedicação total e amor à causa por parte dos colaboradores. E foi um trabalho fundamental.
A atual administração iniciou seu período dando continuidade a esse processo de recuperação. A segunda enchente consecutiva, ocorrida em fevereiro de 2021, que também atingiu as peças que haviam permanecido guardadas no prédio na empresa Barbosa & Marques, não foi suficiente para diminuir o ímpeto em levar adiante todo o processo.
E de maneira comprometida e profissional o trabalho foi continuado e o resultado está sendo alcançado, com a reabertura do Museu de Carangola já no ano de 2022. Ainda tem muito trabalho sendo feito, tanto de recuperação quanto de organização, mas a reabertura contendo uma pequena mostra do que já foi recuperado representa, sem dúvida nenhuma, uma grande vitória e uma conquista histórica para a cultura carangolense.