Coluna: Carangola, pela Pátria espalha gente de talento e projeção
A escritora Hélen Queiroz
nasceu em Carangola, no dia 12 de outubro de 1971. Viveu até os 6 anos na
fazenda do avô paterno, onde morava com seus pais Hélio Bonjour Queiroz e
Angelina Rita Novaes de Queiroz e sua irmã Renata Novaes de Queiroz. Em outubro de 1977, seus pais decidiram se
mudar para a cidade de maneira que as filhas pudessem estudar. Foi quando Hélen
tornou-se aluna da Escola Estadual Benedito Valadares, onde cursou o Ensino
Fundamental I, antigo primário. Foi nesta escola que a futura professora e escritora
aprendeu a ler e a escrever, o que considera algo definitivo para a formação de
sua personalidade. Por isso, sempre que passa em frente a escola onde foi
alfabetizada sente uma emoção diferente, uma gratidão por ali ter encontrado a
chave do seu caminho, além de lembrar com carinho de sua adorável professora
Ana Maria Azevedo.
Aos 10 anos, ingressou como
aluna na Escola Estadual João Belo de Oliveira, na antiga 5ª série, onde foi
aluna de Elizabeth de Deus Zignago, uma lendária e excelente professora de
Língua Portuguesa, com quem Hélen tomou gosto por aprender a usar bem as regras
da nossa língua. Diz serem frescas em sua memória as aulas da altiva Dona
Elizabeth sobre ênclise, próclise e mesóclise, assim como outras em que o amor
por escrever bem foi sendo constituído. Aos 13 anos, mudou-se para Londrina, no
Paraná, onde morou com uma tia paterna até os 15 anos, vivendo durante dois
anos a experiência de conhecer a cultura de uma outra parte do país bem diversa
do interior de Minas. Aos 15 anos, retorna à Carangola, quando sua vida ganha
novos contornos.
Devido à necessidade de
trabalhar, em 1987, matriculou-se no curso noturno de magistério no “Colégio
Estadual”, onde já havia feito parte do ginásio (hoje, Fundamental II). Foi
quando conheceu sua mestra Lauricy Belletti Rodrigues, a professora de
literatura que a fez amar Drummond, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e outros
autores brasileiros. Não por acaso, Hélen dedicou seu livro mais recente,
Silêncio Lâmina, à professora Lauricy e também ao professor Murilo Morando
Queiroz, outro grande professor de literatura, que apesar de não ter sido seu
mestre no João Belo de Oliveira, foi seu grande amigo e incentivador de sua
escrita literária. Segundo a autora, Murilo foi o primeiro leitor crítico de
seus textos literários, incentivando-a à publicação do primeiro livro A Carne
das Palavras, em 2000, além de assinar o prefácio de seu segundo livro, Poesia
de Arame, publicado em 2003.
E foi também em 1987, mesmo ano
em que inciou seu curso de magistério (o normal), que, com apenas 15 anos,
tornou-se professora alfabetizadora numa escola da zona rural do município de
Carangola, a Escola Pedro Celestino Milagres, por dois anos. Aos 17 anos,
mudou-se para Juiz de Fora, onde ficou por pouco tempo, mas onde fez parte do
Coral do Pró-Música por dois anos, viajando com coro e orquestra regidos pelo
ilustre Maestro Nelson Nilo Hack, chegando a cantar com os Canarinhos de
Petrópolis e até mesmo na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, em
1988/1989.
No final de 1990, tendo
retornado à Carangola, Hélen Queiroz retoma suas aulas na zona rural, na mesma
escola onde iniciou seu trabalho como alfabetizadora, e começa a trabalhar
também na Boutique Maria Alice Modas. Este fora um ano bem intenso, pois
trabalhava o dia todo e estudava à noite para concluir seu curso de magistério.
Já no ano seguinte, 1991, Hélen passou num concurso público da Prefeitura
Municipal de Carangola, tomando posse como professora de Educação Infantil na
Creche Dr. Fernando Hosken, no Triângulo, que acabava de ser inaugurada, onde
lecionou por 4 anos.
Em 1995, foi professora na
Escola Municipal Melo Viana e, já no ano seguinte, 1996, com 24 anos, fundou a
escola Officina do Saber, inaugurando uma escola voltada para a arte-educação,
com projetos voltados à literatura, música, pintura, teatro e outras expressões
artísticas. Iniciou com uma turma de 6 anos e logo em seguida abriu outra turma
de 2 anos, convidando sua irmã Renata, que também já era professora na rede
municipal, para se tornar sua sócia nesta escola de Educação Infantil. Foi um
ano de muito sucesso para a nova escola e, na intenção de ampliar
possibilidades para o Ensino Fundamental I, Hélen e Renata tornaram-se sócias
das amigas professoras Annete Lanzarotti Hosken e Márcia Carvalho de Paula e,
juntas, dirigiram a Officina do Saber com muito entusiasmo, realizando grandes
projetos educacionais e culturais, formando muitas turmas entusiasmadas, com
alunos e alunas apaixonados pela proposta pedagógica da escola. Em 2002, a
escola Officina do Saber foi vendida para a professora Tutti Lopes Valle e seu
marido Marcelo Valle, que até hoje conduzem a escola com muito sucesso.
Durante o período em que foi
diretora da Officina do Saber, fez seu curso de graduação em História na UEMG,
ainda FAFILE-UEMG, onde também participou como corista, durante 10 anos, do
Coral FAFILE, regido pelo maestro Flávio Lúcio Ribeiro Dutra - ingressou neste
coro quando entrou no curso de Letras, que
precisou interromper em 1992. Confessa que lamenta não ter concluído o
curso de Letras, mas, ainda assim, a literatura e a escrita permaneceram
pulsantes em sua vida, sendo a coluna dorsal de sua profissão. Tornou-se
professora de História em 2000, o que muito a orgulha também, considerando que
literatura e história são disciplinas irmãs, já que contam sobre a vida humana
no tempo e no espaço.
Hélen Queiroz, além de conduzir
sua escola particular, permaneceu na rede pública, atuando em várias creches e
escolas municipais em Carangola, na Secretaria Municipal de Educação como
supervisora de projetos educacionais. Fez teatro na escola Boca de Cena e como
atriz atuou em duas peças daquela companhia de teatro. Atuou também como
Diretora de Cultura no Museu de Carangola num breve período de 5 meses em 1996,
como professora de história na Escola João Belo de Oliveira e como professora
de artes na Escola Servita Regina Pacis em 2003, seu último ano em Carangola,
antes de ir morar no Rio de Janeiro.
No final de 2003, recebeu um excelente convite para
trabalhar numa das melhores escolas particulares do Rio de Janeiro, o que a fez
decidir mudar-se de Carangola, já que pretendia fazer mestrado e doutorado. Foi
então que, em janeiro de 2004, mudou-se para o Rio, iniciando uma nova
trajetória profissional na Escola Parque, onde atua como professora há 19 anos.
Em 2008, lançou seu terceiro livro, Vício de Tatuar Papiro,
com prefácio do poeta Mano Melo. No percorrer de quase duas décadas vivendo no
Rio de Janeiro, Hélen Queiroz vem participando de vários eventos literários
como poeta, especialmente no Corujão da Poesia, e também realiza alguns saraus
itinerantes para crianças e adolescentes, que serão retomados em breve, após
uma pausa durante a pandemia.
No Rio de Janeiro também
realizou o desejo que levou-a se mudar para lá,
tornando-se mestre e doutora em Educação pela UFRJ, na linha de pesquisa
linguagem e literatura, sendo pesquisadora do LEDUC, Laboratório de Pesquisa em
Educação, Linguagem e Escrita. Fez uma parte de seu doutorado na Universidade
Autônoma de Barcelona, em 2015, vivendo uma importante experiência acadêmica e
cultural na Espanha. Sua tese de
doutorado intitulada “A poesia em territórios improváveis: jovens de periferia
em cena” foi indicada para publicação pela banca na ocasião de seu
doutoramento, porém ainda à espera de editais públicos para publicação. Também
como pesquisadora da UFRJ publicou artigos em revistas científicas e no livro
Travessias da Literatura na Escola, publicado pela editora 7Letras, em 2014,
com organização de sua orientadora de mestrado e doutorado, Patrícia
Corsino.
Em seu percurso como escritora, Hélen Queiroz recebeu mais de 30 prêmios literários em diversos estados brasileiros, sendo os primeiros ainda em Carangola, no extinto SESI, que promovia excelentes concursos literários e, segundo a autora, foram um grande incentivo para ela e tantos outros carangolenses voltados à escrita literária. Os mais importantes prêmios recebidos pela poeta carangolense foram concedidos pelo Prêmio Off Flip de Literatura, promovido em Paraty na ocasião da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), um prêmio de grande projeção nacional e abrangência internacional, já que conta com participantes de outros países. Hélen Queiroz foi contemplada no Prêmio Off Flip de Literatura de 2009 (poema), 2010 (conto), 2013 (poema), 2014 (literatura infantil) e finalista em 2021 (conto e crônica), tendo seus textos publicados nas coletâneas do Prêmio destes anos.
Seus livros já publicados são: A Carne das Palavras (2000 - poemas e contos), Poesia de Arame (2003 - poemas), Vício de Tatuar Papiro (2008 - poemas), Travessias da Literatura na Escola (2014 - artigos), Bordado de Pirilampos (2016 - Literatura Infantil - Prêmio Off Flip 2014) e Silêncio Lâmina (2018 - poemas e contos - publicado pelo Selo Off Flip de Literatura). Atualmente, prepara um novo livro em que terá poemas, contos e crônicas, inspirados em seu meio século de vida. Como sempre, a autora pretende fazer o primeiro lançamento em Carangola, onde diz ser muito acolhida e prestigiada por seus amigos e leitores.