No Brasil, todos os dias cerca de 32 pessoas dão fim a própria vida. O número corresponde a uma morte a cada 45 minutos.
O dia 10 de setembro é considerado o
Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data foi criada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) para chamar a atenção dos governos e da sociedade civil
para a importância desse assunto. No Brasil, foi criada a campanha “Setembro
Amarelo”, que marca o mês dedicado a esta causa, numa iniciativa do Centro de
Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do
Conselho Federal de Medicina.
O CVV, fundado em 1962 em São Paulo, faz trabalho pioneiro na área de prevenção ao suicídio e apoio emocional, com a ajuda de cerca de três mil voluntários que trabalham atendendo mais de 10 mil ligações diárias pelo número 188.
A OMS, os médicos e os especialistas
na área defendem que é preciso conversar mais sobre o problema do suicídio para sensibilizar e conscientizar a população. Os 32 casos
de suicídios que ocorrem diariamente no País é algo que pode ser reduzido,
diminuindo o número de vítimas e os traumas de familiares e amigos
sobreviventes de um suicídio. Isso porque também estes precisam de ajuda, pois
costumam relatar sentimento de culpa por não terem percebido os sinais de que
um ente querido poderia atentar contra a própria vida.
Porém, falar sobre suicídio não
significa fazê-lo de forma errada, ou seja, 'glamourizar' ou tornar herói quem tirou a própria vida, assim como
jamais se deve ensinar ou divulgar técnicas. Para ajudar alguém que está
sofrendo ou que apresenta mudanças acentuadas e bruscas do
comportamento, os familiares e amigos
devem se dispor a se aproximar e a ouvir seus problemas. Caso não seja capaz de
lidar com o problema apresentado, deve-se buscar ajuda de quem possa fazê-lo
mais adequadamente, como um médico, psicólogo ou até um líder religioso. O
acompanhamento de especialistas, como psiquiatras e terapeutas, somado ao apoio
da família, são fundamentais para ajudar alguém.
Na rede pública, a indicação é
procurar os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde
(SUS). Por lá, é possível marcar consulta com um psiquiatra ou psicólogo.
Em Carangola, o psicólogo do CRAS e o
Caps Infanto-Juvenil, Vitor Leite Ferreira, também destaca a importância de
falar sobre o suicídio, que é uma das causas de morte que mais impactam as
pessoas mas que ainda não é um assunto muito falado:
“As pessoas que passam por essa situação,
tanto as que perderam alguém por suicídio, quanto as que pensam em cometer
suicídio, precisam ser ouvidas e apoiadas. Nossa proposta principal é valorizar
a vida e levar luz àqueles que estão perdidos, pensando em tirar a própria
vida. Suicídio não é drama. Quando alguém fala que quer morrer ou que vai se
matar é porque, por algum motivo, está sofrendo. Ele pode até realmente não se
matar, mas alguma coisa ele está querendo dizer com aquilo. Ouça, escute, tire
uma parte de seu tempo para cuidar da pessoa”.
Durante
o mês de setembro, a Secretaria de Assistência Social (SMAS) promoveu, a partir
dos dois CRAS do município, um curso voltado para Saúde Emocional e autocuidado
e uma roda de conversa com os usuários no dia 17 sobre suicídio e saúde mental.
É válido lembrar que os serviços de saúde mental de Carangola, além de
ressaltar a importância do Setembro Amarelo como campanha de valorização à
vida, mantêm espaço aberto durante todo ano para acolhimento daqueles que se
encontram em sofrimento mental, por meio dos CAPS Livre Mente, CAPS Álcool e
Outras Drogas e o Infanto-Juvenil, oferecendo tratamentos pautados na promoção
e recuperação da saúde.
O psicólogo
Vitor Leite Ferreira reforçou, ainda, a importância de
eliminar esse tabu e buscar encaminhamento profissional:
“O suicídio é um fenômeno multidimensional que pode acontecer
com qualquer um, dependendo da situação em que se encontra. Diversos fatores
podem causar pensamentos suicidas nas pessoas. Portanto, sempre que vocês
perceberem alguém para baixo, muito triste, ou que realmente está falando em se
matar, dê atenção aos sinais. Não pense que você tem que resolver a vida da
pessoa, mas ofereça um ombro amigo. Procure a ajuda de um profissional
responsável para fazer algum trabalho ou tratamento. Nós, do CRAS, dos três
CAPS presentes no município e da rede de Saúde e Assistencial de Carangola,
estamos à disposição para atender e a ouvir a todos para mostrar novas
perspectivas. A vida vale a pena ser vivida e há outros caminhos para superar o
sofrimento sem ser a morte.” Finalizou.
CRAS I – Costurando Sonhos:Rua Achiles Garcia, nº 105, Bairro Ouro Verde
CRAS II – Glória Maria Nolasco: Rua Doutor Waldemar Soares, nº 473, Bairro Coroado
CAPS I Livre Mente: Praça Pedro de Oliveira, nº 58, Bairro Santa Emília
CAPS AD: Praça
Pedro de Oliveira, nº 86, Bairro Santa Emília
CAPS Infanto Juvenil: Rua Coronel Adolpho de Carvalho, nº 85, Bairro Centro